Fausto Bordalo Dias: Vou voltar a Berlim
Nascido a 26 de novembro de 1948, a bordo do navio “Pátria”
durante uma viagem entre Portugal e Angola, Fausto
Bordalo Dias, pela
sua história e percurso, encarna, na perfeição, o tema do Wassermusik deste
ano: Lusofonia. A BERLINDA foi falar com esta lenda viva da música portuguesa e entender
por que razão Berlim é uma das cidades que mais ama.
«Em Busca das Montanhas Azuis», editado em 2011, é o mais
recente disco com a sua assinatura mas não será o último:”Estou longe de
encerrar a escrita de canções”, disse em conversa com a BERLINDA. Este álbum completa
a sua trilogia sobre a diáspora lusitana (composta por «Por Este Rio Acima»
(1982) e «Crónicas da Terra Ardente» (1994)) e foi o título que colocou o
compositor no topo da tabela nacional de vendas em 2011, logo na primeira
semana após ser lançado. Fausto ficou, obviamente, orgulhoso. «O reconhecimento
das pessoas pelas obras que são editadas é, sempre, uma enorme recompensa para
quem as cria. Esse milagre, significa que conseguimos chegar a toda a gente que
gosta de nós, e teremos, ainda, conquistado outras gentes, ainda mais. É mesmo
uma recompensa», conta.
No concerto a 1 de agosto no Festival Wassermusik,
promete fazer “uma síntese da trilogia sobre a viagem dos portugueses através
do mundo” na qual se inclui: «Com os meus pais, também fui um dos participantes
nessa diáspora que ainda agora acontece. Fosse pelo sonho, ou pela necessidade.
É curioso, os viajantes e sonhadores portugueses, mesmo em busca das terras no
interior dos continentes sempre viajaram pelos caminhos da água. Atravessando
oceanos e subindo rios. Comparando com estas, foram poucas as grandes
caminhadas”.
O compositor português, que atuará depois de Norberto Lobo, não tem
dúvidas sobre a relevância deste festival dos países de língua portuguesa,
considerando-o “importante na divulgação da língua, da música, e da sua
diversidade, que é expressa de modo diferente pelos diferentes países.
Transforma-se e enriquece a sua fonética, e mais diversa é a palavra na forma
de dizer.”
Tão pouco tem receio que o público alemão não entenda as letras: “A
música que eu componho está muito moldada e desenhada pelas palavras que eu
escrevo. Há uma relação muito íntima entre a música e a palavra. Assim sendo,
tenho esperança que possa, de alguma forma, transmitir às pessoas, pela
sensibilidade, as emoções e os sentimentos que elas procuram transmitir”.
Esta
passagem por Berlim,
cidade com a qual tem uma ligação especial, será marcante. Recentemente
partilhou na sua página oficial de facebook: “Eu vou voltar a Berlim. As
cidades são mistérios de muitos longos braços que as veias desenham num tumulto
de sangue. Todas elas são claras e sombrias no desenho da história que as
descreve. Mas por vezes e por vaidade alindam-se de árvores de flores em tons
de luz de azul e de amarelo. Sendo estas as cores da nossa felicidade. Mas
aparte esta frágil poesia resta apenas o rosto quieto e ameno das cidades. O
rosto das cidades que eu amo e que vão do Porto a Lisboa e depois até Berlim.
Berlim que eu já cantei nas minhas canções e que eu guardarei para sempre no
meu coração. Eu vou voltar a Berlim.”.
A ligação de Fausto a Berlim é muito
forte e “na explicação da origem desse relacionamento, estarão as palavras
do tema “Porque me Olhas Assim”,
contou à BERLINDA. ”Algumas
partes poderão ser adaptadas, ou traduzidas para a língua alemã. Conheci em
Berlim pessoas fantásticas. E a cidade, enquanto cidade é, tão só,
maravilhosa”.
Sexta
feira, 1 de agosto de 2014, às 20h30
Haus der Kulturen der Welt
John-Foster-Dulles-Allee 10
10557 Berlim
Haus der Kulturen der Welt
John-Foster-Dulles-Allee 10
10557 Berlim
Texto: Fabiana Bravo / Berlinda
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